O Monte das Almas Perdidas

Cravada em uma pedra brilhante, gretada pelo frio que a envolve no alto do monte verdoso; rico. Está a lâmina comprida da espada, que por muitos é vista como sagrada e por muitos vista como amaldiçoada, tem a empunhadura de uma prata que reluz o passar dos anos desde que alí foi cravada.

Quando a noite vem, a escuridão traz a realidade por trás do que nossos olhos podem ver, mas nossa alma curiosa nos dá esse presente de saber a verdade. Os punhais e almas que execram-se sem saber, quem são e por quanto tempo estão, ou se estão ou não, são almas perdidas no monte.

O desejo de saber, de ver o que não se vê, quase uma fome de trauma toma conta do siso dos que sempre ouviram as histórias contadas pelos mais velhos no vilarejo que fica ao pé do monte, no qual as almas vagam portando suas espadas e alabardas, almas errantes.

Ao chegar na estância, não há espada cravada em pedra alguma, somente as adagas e machados caídos no terreno verdoso que consola a eternidade, quando os temerários jovens começam a zombar das histórias dos mais velhos ao pensar que a espada de prata não existe, gritos começam a ecoar pela montanha e os campos verdosos são tomados por uma coloração cinzenta, e o semblante de um homem se revela no meio da tormenta que se forma quando a espada de prata racha a terra ao tocá-la. A coragem e a audácia dos jovens se acaba nesse exato instante, e para nunca mais voltar a ser a mesma, se tropeçam confusos e se vão, correndo como nunca...Deixando o monte descansar novamente, paradisíaco para as almas, amaldiçoado para os homens. O Monte das Almas Perdidas.

Guilherme Pedroso Oshiro
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