Eu moro no terceiro andar.
Vidros escuros e entreabertos,
Luz apagada...
Só para te vigiar.

Mas você percebe
E nem se espanta.
Faz caras e bocas,
Vai tirando a roupa, branca,
Que já mostrava tudo.

Os sapatos,
Ah, esses você arremessa...
Senta-se no sofá com as pernas longas,
Leves e lindas, sobre o manto amarelo.
O próprio pecado.

Acende o cigarro,
Fálico e fino,
Melado de batom vermelho.
E fitando-me pelo espelho,
Como quem aguarda o fim da minha visita
Só adormece quando fecho a janela.