acho que não sei quem ou o que sou,
sei que fui.
Uma vez fui pássaro alado,
cantava pra acordar minha amada...
Também fui poeta encantado
a sonhar na madrugada...
refúgio de lembranças faço da mente,
quieto pra não ser inconsequente,
pois cada beija-flor seu território tem
e é melhor não se pôr contra ninguém
Falar de amor? inflama!
Viver amor? "quando a gente ama, simplesmente ama"
e não é difícil explicar.
É difícil entender,
mas, afinal,
em meio a um jardim
como poder-se-á inspirar apenas o perfume do jasmim?
com tantas flores, enfim,
ou será possível colher apenas cravos?
Cabe à camponesa com sua cesta
escolher a sua flor, o seu pássaro canor,
o seu poeta encantador,
e compor um ramalhete cheio de amor...
mas flores murcham e pássaros morrem,
canto poéticos perdem o sentido,
aquarelas desbotam,
estradas esburacam,
luzes apagam,
bandeiras rasgam,
versos? ...ninguém gritou,
e o eco sempre volta com a mesma resposta
ao nobre coração de algum poeta encantado.
e qual seria se fosse?