Suavemente e de maneira confortável, o grito cessa
a boca se cala
Sensivelmente e de modo imperceptível, porem, visível
o desconforto passa
A piada começa a ter graça
Aquela árdua caminhada assediada pela carona do conformismo
em nossa dialética subida a montanha, na qual nunca cederíamos
ao cansaço e aceitaríamos entrar neste carro fantasma, espectral
que nos oferece seu luxo paz e vil metal
Tão logo muitos entram o absurdo se torna cotidiano
e o extraordinário se afasta
Vender-se não é mais vender-se e sim esclarecer-se, iluminar-se
E agora que se esta no conforto
conformado, sentado, estilizado, esterilizado
cospe naqueles que prosseguem a pé, nus
atropela, mata e ridiculariza os dias em que também
andava, falava, pensava, sentia
Engrandece a morte que se tornou seus dias
Sexo, drogas, família, sucesso é assim mesmo
Honra lei, nada muda devemos fazer apenas as coisas funcionarem bem
Fala destas coisas a aqueles cansados homens e mulheres
que descalços, nus, famintos, solitários e carentes sobem a ingrime montanha
Com seus olhos onde há uma dor e alegria estranha que assusta os cooptados e cooptadores
Um brilho no olhar belo como uma rosa, louco como um suicida e convicto como um kamikaze
Um brilho estranho que até parece que eles sabem o que é amor
Um brilho que para quem esta engomado, perfumado, domesticado é insuportável
Orgânico demais parece até humano, selvagem, enfim, é insuportável, pertubador
Um brilho que não ilumina,mas, sim incendeia.

Gilson Amaro 12-04

'''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''

''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''''