O ANCIÃO (soneto estrambote)

Na sua face enrugada pelo tempo
Estão as marcas da sua existência,
No olhar tão suave eu contemplo
A mensagem da sua experiência!

Sua voz embargada me transmite
Segurança na forma de expressar;
A descrença para ele não existe,
Pois, na vida, aprendeu a superar.

Nesse corpo alquebrado de então,
Ele leva uma arcada enfraquecida,
Mas supera com muito galardão!

Suas mãos estão trêmulas, sofridas,
Mas se estendem além da amplidão
Num aceno duma prece comovida!

E as palavras lhe vêm do coração
Com a pureza sonora enternecida
A ditar lindas formas de perdão!

Toda essa experiência adquirida
Não é vista com respeito aqui, não,
Ele é tido como uma fétida ferida!

Eu suplico: vamos dar mais atenção
Ao idoso que merece mais guarida,
Vamos dar mais valor ao ancião?!

Autor: José Rosendo

Nazarezinh, 23 de agosto de 2006