Sombra de uma separação

Abri meu armário
Para que o Sol entrasse
Em minha vida durante a manhã
Não pude manter a mente sã.

As mesmas dores esquecidas
A mesma escuridão.
É a mesma sombra
Que ainda cai no meu telhado.

Acordei com 19 anos
Abri o meu baú
Pra que a luz entrasse
Em minha família um dia desses.

Mas ela não entrou
Um amor apagado, congelado
Pelo ciclo do inexistente
Carinho de mãos que não se tocam.

Pensei em Deus.
Mas eles já amam Ele
Só não se amam.
Ao menos, não nas brigas.
AO menos, não na vida.

DIvidida está toda família
Familiariedade com um passado sombrio
De minha infância apagada
Nas fotos amareladas da dor.

Não quero ver o que eu já vi
Intumescidas as cascas do passado
Se quebram
Já que o passado não passou.
Não no casamento de meus pais.

Os gritos aindam me calam
De quando encolhido
Escondia-me no armário.
Ilário.
Mas eu o abri
Só pra ver
Se ali
Deus podia entrar.
Um dia desses.
Ao menos
Pra me ver chorar.