São Paulo,
ali no coração do Iraque
pulsa, explode, incendeia.
São Paulo,
ali divisa com Beirute,
não precisa de tanques.
São Paulo,
ali na mira dos palanques,
não precisa de inimigos.
São Paulo, São Bento,
São Judas, São Bernardo.
Da onde vem o milagre?
São Paulo,
ali baleado na calçada,
emboscada de polícia e ladrão.
São Paulo,
ali à beira da morte,
à sorte de quem o socorra.
São Paulo,
ali na gangorra com o demônio,
que pesa mais de pecados.
São Paulo que tudo pode
está impotente.
Mas santo não toma viagra?
São Paulo,
ali condoido pelo chute na santa
que o pastor deu por engano.
São Paulo,
ali esperava a voz do Vaticano,
mas a santa não tinha pedigree.
São Paulo,
ali sem heróis, nem mártires.
São Silvestre é membro honorário.
São Paulo, são torres,
são casas, são gentes.
De repente, é nada.
São Paulo,
ali de rios pútridos
e marginais fedorentas, como são.
São Paulo,
ali de jovens anjos decaídos
e marginais bravos, retumbantes.
São Paulo,
ali de saia justa
fazendo programa na Augusta.
São Paulo, são olhos,
são bocas, são mãos.
Todas presas, sequestradas.
Minha cidade em férias forçadas no Oriente Médio...São Paulo
Licença
Sob licença creative commons
Você pode distribuir este poema, desde que:
- Atribua créditos ao seu autor
- Distribua-o sob essa mesma licença