No casulo da alma o tempo passou

Os sentidos ficam mais aguçados
incerteza mais do que certa
vozes e cheiros entrelaçados
a vida acredita e desperta

aflorou o que a muito tempo já não aflorava
afinou a canção dos ventos que há tempos não cantava
desde os mais secos dos cactos
até as grandiosas e floridas flamboyants
entre as frutas da época; maças

uma transformação está por vir
no casulo da alma o tempo repousa
e a dor pode sentir, envolta
algum certo desespero ou paz
É também uma renovação que se faz

Sente claustrofobia naquele aperto?
Ou a liberdade que virá depois, a contento?
A sua natureza oscila descansando toda a fadiga
Esperando o novo que está pra'contecer

Na inércia do seu interior mais profundo
Não é questão de opção
É tudo seguindo o seu curso habitual
Após revelar o que se tornará
nada mais será igual

no casulo da alma o tempo passou
surgiu diferente de tudo aquilo que foi
deixou as lembranças lá 
junto aos restos do que ficou pra trás
naquela alma de lagarta, ela já não habita mais

E com a metáfora mais batida de todas
Sua'lma se compara
És como a borboleta - ela fala pra si mesma.
Mas também já foi Fênix.
Pega emprestado um pouco do que é mito
Um tanto do que é real
Do que é forçado e do que é natural
e assim o fez, de novo, de novo e de novo.

Ela renasceu ali, doce e dançou pelo orvalho da madrugada
sua doçura quase angelical deixou, pela relva de tão leve no ar pairava
E mais uma vez o seu interior por inteiro renovou
Pois foi no casulo da sua alma de lagarta, que o tempo - repousou.