Querida morte

Tem vezes, querida morte, que você me assusta

Minha luta contigo é eterna

Mas hoje percebo que você não é bruta

É igualmente a nascer, morna

Calma e, acima de tudo, pacífica

Limpa como um mar, um céu e uma estrela

Apagando seu brilho para quem fica

Deixando para trás o cárcere que a vida nos dá: vive-la

O sofrimento na morte em nada se compara com o longo afeto vivo

Que perdura e corrói até paralisar

É como surgir, do inativo

Minha luta contigo, morte, é finita

Bela, imprevisível e destinada

Para sempre comigo enquanto aqui,

Para sempre na história enquanto fui

Dentre bilhões, só me resta sorrir para você

Então me abrace e me faça sentir acolhida

Pois dentre bilhões, me escolheste

Me guie e me permita sentir

E, um dia, me deixe ir.