Vivo torcendo para que seja uma brincadeira de mau gosto,
um faz de conta passageiro,
vai ficar tudo bem,
não fizestes a última viagem.


Ocupa um vazio em mim a falta da tua presença.
Um não sei que inexplicável,
vontade insana de retroceder no tempo,
lacuna que me leva à exaustao,
esgota minhas esperanças.


Há dias que só o que quero é descansar minha carcaça
numa relva verde,
orvalhada,
ouvindo a voz do silêncio ser interrompida
pelo lamento de um jovem riacho,
que como eu,
serpenteia aflito em busca de uma cascata
que o leve até o mar.


Vez ou outra,
o tilintar da chuva no nosso antigo telhado,
traz lembranças,
saudades proibidas,
de quando aconchegada no teu peito nu,
sonhava que nunca te perderia.


Consolam-me as madrugadas geladas,
mau dormidas,
do outono.
Momentos em que meu cansaço repousa solitário
pensando em ti.


E sonho...


No sonho,desperto delirando.
Vejo-o acenando do portão,
sorrindo.
Fazendo juras de que antes que o sol adormeça
e a lua desperte,
por mim,
retornarás.

Maria Isabel Sartorio Santos
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