Muda o seu andado.
Fala grosso.
Olha o jeitinho dele...
Pensem na dor vivida... 

Fala, igual homem!
Tua pele não ajuda.
Você é pobre, cala a boca!
Pensem no horror vivido... 

Vileiro não tem vez.
Tenho vergonha de ser seu parente.
Sua religião é do cão.
Pensem na indiferença vivenciada... 

Fala baixo, comunista...
Vestir de mulher é coisa do diabo, vergonha!
Pessoas como você o "povo" mata...
Sua bondade não vai salvar o mundo.
Pensem no preconceito vivo... 

Você parece um ET.
Nunca será nada!
Mariquinha, preta, vileira, pobre...
Beiçudo, bundudo, girafa feia...
Pensem na desumanidade viva... 

Pega, coloca a mão, não conta pra ninguém, se falar, eu te mato!
A culpa é sua, menininha travestida de hominho.
Você não é nada aqui, a sociedade nunca vai te aceitar!
Gente como você, nunca terá paz...
Pensem na rosa de Hiroshima... 

Velejar contra a maré é o fluxo necessário para romper com a matrix. 

Dhiogo J. Caetano
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