O Verbo das Virtudes

O Verbo das Virtudes

Seria tolice em mim,  

Querer imaginar um bem que não existe, 

Porém, quanta esperança há no tolo. 

Tal como,  

quanta mediocridade há no suposto esperto. 

Eis que ao fundo do jogo de cenas, 

Quem tem olhos de ver, sempre verá, 

E para ver há que ser justo, 

Pois que se faz necessário imparcialidade para ver. 

Pois somente o honestamente sincero é capaz de julgar, 

Pois este não o faz a bem de si, 

Mas prove aquilo que eticamente justo.  

Então, 

Eis que certos diálogos merecem palavras duras, 

Não por querer ferir,  

Mas porque elas são necessárias. 

Eis que se pode ser doce ainda que ríspido, 

Pois que o amor tem sua força na sinceridade, 

E esta traz por vezes em essência a verdade. 

E o que é verdadeiro 

Por vezes estapeia o rosto dos cínicos, 

Desnuda-os de suas máscaras de dissimulação.  

E estes desvestidos de sua hipocrisia,  

Caem de joelhos sobre o vazio que são.  

Rogam aos espelhos que não reflitam sua imagem, 

E querem fugir do tribunal da consciência,  

E não há como,  

Pois que está é a própria cela do ‘pecador’. 

E a pior das culpas são aquelas realmente se tem, 

São como que sujeira a grudar na alma dos ímpios. 

Não existe como fugir da sentença autoconstruída. 

Eis que sendo homem a desprezar o que é alma, 

Penará como alma por não ter sabido ser homem. 

E de pouco servirá os rituais humanos e seus malabarismos, 

Pois que a luz queima os sentimentos indevidos, 

E aquece aqueles providos de verdadeiro afeto.  

Eis que escrevo por não ter nada a dizer,  

E por estranho que pareça 

Nisto crio uma razão para dizer,  

Não me faço proprietário do dito 

Não quero ser o proprietário do dito, 

Mas eis que ecoa em ouvidos surdos.  

 

29/11/2022 

Gilberto Brandão Marcon