Sobrevoa antes de predar, observa minhas entranhas
E ataca, no ideal momento, sem aviso...
Indefeso, inerme, porém, ingênuo conciso,
Sangro, sem gritar, em alegrias estranhas.

Adolescente terror de quem sofre um súbito ataque
Deitando cheio de dor, mas apreciando-a.
Águia faminta a bicar a víscera e saboreando-a,
Deixa-me estupefato, como a qualquer um deixaria. Um baque.

O amor é esta peculiar ave de rapina:
Traz um sofrimento prazeroso, feliz, típico masoquismo,
Posto que ninguém é inteiramente seguro neste abismo,
Mas mesmo a quem não quer aprendê-lo, ensina...

E nesta ânsia de amar o amor como virtude,
Percebemos também que nem sempre traz felicidade,
Mas vem como uma vital necessidade
Que a quem não experimenta, ilude.