Poeminha do Mal III

Observar o mundo entre pencas de banana na escuridão de um porão?Eu me banhava nua lá. Você via?Não via! Ópio em minhas veias: paz.Aceitei, sim! Estava cansada. Correntes de cipó: um tombo! Cara no chão.Diabos! Eu desejo que vocẽ doa por três meses, três dias, Três horas, três minutos, três segundos. Quem mandou não se importar e ficar aí de cabeça para baixo, enquanto meus miolos deslizavam sob meus pés?Ninguém se importa!Ninguém se importa!Doa! Pode doer!Eu rio de mim quando em mim há um pouco de ti em si.Si, sou eu mesma! Aquela foto?Bonita.Quem é aquele jovem casal? E por que os têm aqui? Pode andar para onde quiser, se virar rápido os pegará com os olhos fixos em você.Onde estão?Mortos. Eram meus pais.Suspire fundo: mercúrio granulado: 1, 2! Já! Cianeto de hidrogênio?Responda!Pronto! Se f0 deu!Piercing de pedra brita sob o sol.Chifres de linfomas.[...]Cagando e enviando mensagens virtuais? Uau! Que evolução!Nojo! Pernas abertas, cheiro de merda e mijo? Vomitou?Não é vômito, amor! Sua pu+i nha goza pela boca.[...]Você não tem dignidade nenhuma! Como pode?Júlio terá.Sinto muito.Ao menos é bom de cama!Sim. Veja! Dormiu. Suspira fundo, ronca...Põe ele de ladinho e fique de olho.De olho? É um velho!Ainda não deu a hora. Dignidades têm preço...Dedos de gambá, tetas de galinha, pênis de macaco...Pênis de macaco?!Macaco-esquilo?Não. Aranha.Tenho uma vizinha.Eu pensei: vou bater dois ovos, adicionar meio copo de água e jogar embaixo do varal dela. Estudou para isso?Sim. Você peida?Sim.Estudou para isso? Minha tia é uma mulher simples, ela tem sua farmácia bem organizada, inclusive, em uma das caixas, eu li: remédio para peido.Ah, por favor! Sofro com gases presos, alimentação compulsiva. Sofro de acúmulo de experiência, alimentação cerebral progressiva. O que seria um ovo podre para um exímio poeta fascista que foi à Itália encontrar seu Duce?Você a ama?Quem?Sua tia.Sim, eu a amo muito. É forte, sincera e desbocada. Clássica, não acessível a críticos pedantes.Meu espelho? Preciso falar sobre seu reflexo.O que há com seu espelho?Ele insiste em me fazer duas quando sei, sou muitas. Ora! Não posso ser duas, me faltariam pernas, braços, tempo.Através de mim, quantas mortes?Veja! Ele arrotou. Pode ir!Sozinha sob o meu chão de todos os dias,Das milhares de faces trincadasChuveiro de cinza,Meus banhos: corpo dividido.Estou pensando.Por que você come e caga sem sair do lugar?No meio da madrugada havia um louco,Havia uma louca no meio da madrugada.Você é brasileira?Sim, eu sou.Sou um homem sozinho, querer uma mulher para casar e ter vida feliz, casamento feliz.Posso ver seu pênis?

Poema-verdade

Penha, Santa Catarina

Tereza Du\'Zai
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