Até que ponto vale a pena ser sua própria e única companhia?
Questão pertinente que por anos me ative a pensar
E fato que por anos e mais anos do que chamo vida foi constante neste mundo.
Para qualquer direção que meus olhos fitavam, só conseguia perceber eu e meus pensamentos.
Independente da direção que meus pés seguiam, nenhuma novidade sentia.
Ainda que com diferentes reflexões, crenças e opiniões, no fim, era eu mesmo e os objetos de pensamento que lá estavam a me fazer companhia.
Um só coração, uma só mente, que passava os dias vivendo em um mar de águas calmas, tranquilas, serenas.
As águas seguiam seu curso, o vento pouco dava as caras
O carrosel seguia seu percurso ao ritmo contumaz da mesma melodia.
Por mais que gostasse de estar a sós comigo, a monotonia de estar só com si próprio já enjoava, causava incômodo.
A vontade era de se aventurar em outros mares
Desbravar outras terras
Conhecer outras línguas
Dançar ao som de novas canções.
Felizmente, um dia o amor sorriu para mim
E foi na forma de um belo corpo feminino
Que a agonia que em mim imperava
Pode ter sua cessação realizada.
Repentinamente, o vento do sul apareceu.
O que era desértico e infértil passou a ser colorido e vivaz
O marasmo da mesmice deu lugar à pulsão e ao movimento
E eu que estava acostumado e saturado com a presença minha e de meus pensamentos
Vi você no horizonte surgindo
Causando um reboliço em mim e no mundo em que habitava
E por mais que não pudesse formar várias certezas.
Dentre elas, já sabia que meu existir havia tomado um novo rumo
Sabia que do instante em que entrastes em cena no teatro da vida, quem eu era e haveria de ser havia ganho um novo caminho a trilhar
Um novo sentido a vivenciar.
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