O Nome ferido pela Eternidade

O Nome ferido pela Eternidade

Às vezes, quando sinto que não pertenço a esse mundo, quando tudo se tornou um branco pensamento lançado ao mar, uma angústia pela incompreensão de ouvir a luz dos passos do tempo, findando sobre as paredes de sua casa, movimentando-se em lamuriosos fouettés; arremetendo-se numa perfeita percepção desprotegida a conceber as alunas que, ao longo dos anos; tornaram-se mulheres casadas, os filhos nos quais nunca darei para a infatigável terra brutal, o renascimento de um olhar intocado pelo meu marido, pois, assim eu o desejaria, se houvesse o amor por esse milagre, o amor pela descoberta de nos olharmos enquanto o nosso filho se compraz ao ouvi-lo sem compreender o labor de uma linguagem que nos exigiria a primordial competência a ser brandida e disciplinada; algo que faria recolher a descoberta desse olhar aterrorizado pela incapacidade de aprender o ensinamento da vida—, exclamo o seu nome ferido, tal como um Deus a dizer: "Faça-se a luz!"

Perguntaram-me, as faces exigentes e acariciadas pelas máscaras, quando havia a simples camisa branca e flores e livros —após o meu olhar devolver a vastidão das eras sobre o lago que refletira o meu rosto fecundo de uma vida inventada, ou, talvez; vivida em outro tempo, assim como toda mulher constrange-se por reconhecê-lo secretamente—, o que haveria de existir para uma mulher sem filhos, ou à mulher que se retrai quando a opressão da eternidade aparta-se ou ultrapassa os sentimentos que arrebatam a irreconhecível estrutura desta frase vestal? Amado, admirado e desejado? Homens e mulheres, gradualmente, tornando-se uma única vida condicionada ao primeiro homem sendo a primeira mulher. Mas a quem ele há de dizer o princípio da palavra amorosa, caída de joelhos? Dando-nos à liberdade de não vivenciá-la na permanente formação de homens e de mulheres, pois, também nos ajoelharíamos; se um de nós conseguisse segmentar essa única vida.

“ Ficai aqui e velai comigo. Minha alma está triste até a morte. Como ressuscitar se você não me ferir?”, reverberam as vozes silenciadas pelo nevoeiro de sinos. Algumas escrevem, outras preparam o próprio espírito para ouvir as ruínas dos claustros, e a minha alma enaltece os imperativos das ilusões que glorificam o nevoeiro de sinos sustentando cada morte velada. " Ficai aqui e velai comigo...Minha alma está triste até a morte...", sangra o entoar daqueles que o amam.

Eloisa Alves
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