AI DE TI IRACEMA

Iracema indiazinha do mar
Tabajara dos lábios de mel
De além serra pra batalhar
Amou seu rival e lhe foi fiel

Verde mar plácido na areia
Agora se espraia cinzento
As ondas selaram a sereia
Afogada no feio areamento

À margem do frio paredão
Perdida e cega na malícia
As espumas negras ruirão
Enganada por falsa carícia

Miríade de gente impostora
Uivará e ganirá sem recato
Fariseus da casa pecadora
Vadiando igual nojento rato

Pargos morrerão na cerveja
Larvas servidas na bandeja
Novos ricos exibirão o luxo

Cercados por fedorento lixo
Oh! saudades de ti Iracema
Quando eras linda pequena

Marco Antônio Abreu Florentino

Nota: Poema inspirado no primoroso texto do amigo cirurgião pediátrico FBB - Francisco Barros Brilhante que, por sua vez, adaptou o genial texto de Rubem Braga (Ai de Ti Copacabana).

O poema tem a estrutura de quatro quartetos e dois tercetos, totalizando vinte e dois versos, correspondendo aos vinte e dois itens do texto escrito na década de cinquenta por Rubem Braga.

https://youtu.be/hNA5j_pmtOo
(Copacabana Princesinha do Mar - Dick Farney)

Marco Antônio Abreu Florentino
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