Sombras da Paixão

Sombras da Paixão

 

E no calar das horas,  

De repente, apenas o seu olhar.

A sua respiração a roubar a minha.

E no profundo silêncio da noite,

O som forte das nossas batidas cardíacas.

Desvendar dos sentidos,

O seu perfume fazendo-se onipresente.

Na magia do seu ser oculta-se da realidade.

Como pluma leve fica a vagar no vento,

Fica entre o mundo real e a fantasia.

Veste-se de solidão de deusa,

Domina a tudo no centro que é você.

Transforma-se em doce ilusão,

E já não sei se é criadora ou criatura.

Ou, talvez, fugaz visão apaixonada.

E esse imperceptível instante,

É como ferro em brasa a marcar a lembrança.

Caminha e não consigo lhe acompanhar.

Em sua proximidade há tanta distância,

Um enigma indecifrável,

Um desafio de tantas dúvidas.

E a razão se transforma em percepção,

Pois mesmo quando mais próximo de você,

Fico ainda muito distante de mim.

É minha alma que já vai longe,

Num jogo de desvendar o oculto.

A supor a proximidade de um encontro.

Talvez num quadro de tintas noturnas,

Com a imagem de flores perdidas na madrugada.

Com a sensação do espreitar sensual da lua,

Numa vigília que me guarda para você.

E o coração se finge de distraído.

Em meio a tudo, você.

Revelando-se lentamente,

Seduzindo num jogo de promessas,

Numa tentativa de descoberta única,

Onde se tenta conquistar o conquistador.

Num jogo de palavras e cenas,

De percepções e o voos da imaginação.

Brincando como puras crianças,

Desejando-se como ardentes adolescentes,

E amando-se na maturidade de homem e mulher.

Perdidos no tempo e no espaço,

Subjugados a um encontro casual.

Tendo como únicas coordenadas

Um minúsculo instante

Entre a brisa que areja a madrugada,

E o orvalho que avisa a chegada da manhã.

 

09/01/2003

Gilberto Brandão Marcon
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