CARTA DE XEDÔNIA

Na ilha de Utopia, além do horizonte, descobri um pedacinho de chão que batizei de Xedônia!
E não sou mais o mesmo desde que encontrei e fundei esse lugar ao sol!
Me sinto mais jovem, pareço mais belo...
E tudo isso muito mais do que já me 'julgava'!
Habitada por alguns pensamentos que povoam minha cabeça...
É uma terra produtiva já que fica num terreno fértil de imaginação,
E é onde tudo parece perfeito(pra mim), é e 'sai' como eu imaginava ou delirava! 
O amor está na ar vindo com aqueles bons ventos que também me trouxeram e que apesar de 'fazer a curva' 
Nesse reino distante em suas estâncias poéticas, sempre está a favor!
Bem-vindos ao Estado Democrático de Xedônia!
'Reductio ad absurdum', é o lema em sua bandeira...
Por aqui também sou amigo do Rei e tomo chá com a Louca de Espanha, 
A Rainha de Copas ou Maria Antonieta!
Com ruas de tijolos amarelos, calçadas limpas, aves gorjeando, céu do condor
E não faltando pão ou brioches para o povo e nem milho para os pombos da praça Thomas More!
Fiz daqui uma zona de conforto, um porto seguro ou 'Ouro Preto'!
Levarei de Xedônia uma pedra lunar e filosofal, a chave da felicidade, a concha de onde Cípria resplandesceu, 
E um antídoto pra essa doença do espaço que peguei por ter tirado o capacete ao passar em Urano!
Apesar de também estar distante da 'Caverna de Platão', foi aqui em Xedônia que me vi mais próximo de alguns amores platônicos, 
Também trazendo pra cá um amor verdadeiro que sempre carrego comigo!
Daqui levarei ainda mais poesia para nosso mundo que tanto precisa, aquela alegria de viver já quase perdida pelo caminho,
Aquele borogodò personificado, moldado, assado, assim, curtido em Hidromel, marafo... refinado e embalado para essa viagem!
Assim que cheguei fui logo recebido por tambores de uma tribo indígena já extinta por aí, ganhei um pacote de bondades,
Recebi homenagem do Serafim com sua banda no coreto de um suspenso jardim, com Thatiana Pagung a frente da bateria.
Os olhares de mulheres alheias que saíam de camisola em seus portões, ganhei mais amigos e irmãos e amores imaginários, 
Algum sonho de infância perdido podendo ser realizado, tomei a benção de pastores arcadianos e monges de lá de Shangri-la 
E que também possuem um templo por aqui!
Pousei com o meu Aeroscope, mas fiz baldeação com uma barca solar e circular, a USS Enterprise e Nave Daileon
Que peguei ao soltar a da cauda de um cometa!
Essa louca realidade já não me parece a mesma desde que pisei e andei nas nuvens de algum doce de Xedônia!
Tudo me parece tão belo, possível, não sinto os meus pés no chão,
E a felicidade que até existe parece cada vez mais a meu alcance!
Para se chegar em Xedônia deve se seguir por uma linha 'tênue'
Entre a realidade e a fantasia... ali mesmo no limiar de uma loucura santa!
Deve se pegar um trem azul na estação das flores, ramal da primavera,
E que passe próximo aos lírios do campo para que se possa olhá-los na viagem!
Por aqui há uma esperança ainda viva, estão, Lili do Muriaé com o vestido tubinho da irmã carioca, Didi,
A outra Elisângela, mulher anjo com suas asas de pégaso tatuado, Fernanda Vasconcelos com seu uniforme(de gala) do Carmela, 
Nossa linda ex-professora Helane, sua saia bailarina e o filho fruto de nossas 'picardias imaginárias', já grande. 
Meu outro casal de filhos suevos com minha própria dinda, a dinda e tia do Fabiano naquele inacreditável 'vestido de prom girl' de 30 anos atrás. 
Os poemas que fiz para Adélia preservados e recitados no mesmo coreto do Serafim, a própria, seus caracóis no cabelo, sua camisola de cachorrinhos, 
Seu esposo e nosso amor possível. 
Minhas coisas de criança(que ainda carrego) junto com alguns sonhos e elos que achei que havia perdido, 
Uns exilados de Éden, refugiados de Sodoma, rolos ou calhamaços de meus 'versos satânicos' arquivados e inpublicáveis por aí!
Xedônia é um reino encantado, meu 'Império Hipermarino' e um distrito de Utopia, mas aqui não há mais Estado(só o de direito)!
Também não existe Direita, Esquerda... só uma via-láctea no centrão do universo!
Não vi um sistema de governo, não vi poder, logo, também não há corrupção...!
Assim como a liberdade, a justiça também é poética... mas não há julgo, não se julga, quem julga, prejulga, subjuga, não se acusa ou se condena ninguém!
Tanques só para se lavar roupa, e explosões, de bolhas de sabão!
Não há limites, quem limita, donos e ditadura da razão!
Os ladrões roubam flores, a política é a da boa vizinhança...
Não vi se falar em dinheiro e o dialeto é em tatibitate, parangolè... 
Vícios(que só existem na linguagem), mas todos se entendem!
E esse cheiro inconfundível de fumaça de Ovni misturado com harpia frita, hormônio efervescente, Boso Hantou, mel, Hidromel da Poesia 
E de camisolinha amanhecida, que me ajudou a batizar esse lugar!
Aqui em Xedônia eu não estou nem aí... notei o quanto ainda sou feliz e nem sabia 
Esquecendo da vida e reencontrando o seu sentido maior e a todo tempo bem aqui no meu nariz!
Conheça Xedônia, visite Xedônia, vá a Xedônia pelo menos uma vez na vida!
Um paraíso que se encontra quando me perco em pensamentos...
Banhado por um mar de rosas e praia secreta cuja parte abissal é povoada por sonhos mais molhados! 
Invadi Xedônia com versos bárbaros ou 'escáldicos' num poema em linha reta, linhas de caderno, do horizonte 
E através de uma ponte construída sobre o espaço entre as estrofes!
Se é possível chegar aqui com um pouco de fé, se atravessando ou removendo essas montanhas e obstáculos(que se cria)
Ou somente com os sonhos que ainda não custam nada se ter!
Aqui tem de tudo que me apraz, que escrevo, acredito, posso ser capaz, que sou, quero ser, desejo, e gostaria de contar, compartilhar e que todos 'curtissem'!
O que faltar eu invento... e pelo que precisei deixar pra trás, eu não lamento!
Um jardim fechado e suspenso por um alto astral, uma localidade utópica que conseguiu sua emancipação dessa dura realidade
Para se poder refletir(sossegado) sobre isso tudo aí!
Xedônia fica em utopia, mas é bem mais acessível que o coração dos outros!
E é de longe o melhor lugar do mundo por estar bem perto(pra mim) do que seria um mundo ideal!


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DAN GUSTAVO
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