Como são lindos estes fogos!
Oriundos dos carros e prédios em chamas,
o lírico choro das crianças,
atônitas, correndo sem direção,
tentando adiar o fim dessa geração.

Como música clássica,
ouço atentamente explosões e tiros em massa!
A batida perfeita que move este coração,
se guia pelo zunir das balas que gritam em qualquer direção.
Matam, destroem e ricocheteiam,
movem a alma e a incendeiam.

Ah, o frenesi de loucura,
o homem cheio de poder, sorri e tortura,
os gritos de dor atiçam a luxúria,
em meio à penumbra jaz uma esperança espúria.

Na zona da infame morte,
plantam insanidade para colher a sorte,
se esgueirando por becos escuros sem norte,
como animais irracionais esperando pelo bote.
Por esta alegria, componho esta ode!

Meu bom homem, não me odeie.
só peço que não resista e nem bloqueie.
Com um único tiro, verei seu sangue pintando o chão, 
como o mais belo quadro pintado à mão.

Ah o cheiro da pólvora do sangue e do desespero,
logo ali abaixo, acaba de explodir mais um morteiro.
O torpor pós explosão é revigorante,
sentir-se vivo é uma adrenalina cativante!

Que noite linda! Isso me acalma,
o silêncio da morte faz arte,
o vento tranquilo acolhe a alma,
o choro sinistro dos vivos faz parte.
Nesta linda noite sombria e fria,
uma ode ao desastre termina num sorriso de euforia.

Jonathan Cunha
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