Tenta-se, em vão, disfarçar a escravidão.
Seu chico acordou cedo, morreu de trabalhar,
Mas passa fome e acumula débitos.
Que cultura desumana,
Dona Maria sobrevive a pulso,
Agradecida por estar sendo tratada
Com o disfarce da exploração.
Chico é escravo do patrão, do salário,
Maria agradece e agoniza na indignidade
De quem vale mais do que qualquer dinheiro no mundo.
Como o ser humano é incivilizado, como pode haver gente
que maltrata Seu Chico e Dona Maria e ainda continua sorrindo.
Estacionamos, assim, numa consciência inconsciente lamentável.
Somos escravos das nossas contradições e quão forte são esses grilhões.
Que tanta maldade disfarçada de bondade.
Dor irreparável e forçadamente irrenunciável.
Não há escolha e isso é o que dói mais!
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