Incivilidade nossa de cada dia  

                                           

Tenta-se, em vão, disfarçar a escravidão.

Seu chico acordou cedo, morreu de trabalhar,

Mas passa fome e acumula débitos.

 

Que cultura desumana,

Dona Maria sobrevive a pulso,

Agradecida por estar sendo tratada

Com o disfarce da exploração.

 

Chico é escravo do patrão, do salário,

Maria agradece e agoniza na indignidade

De quem vale mais do que qualquer dinheiro no mundo.

 

Como o ser humano é incivilizado, como pode haver gente

que maltrata Seu Chico e Dona Maria e ainda continua sorrindo.

 

Estacionamos, assim, numa consciência inconsciente lamentável.

Somos escravos das nossas contradições e quão forte são esses grilhões.

Que tanta maldade disfarçada de bondade.

Dor irreparável e forçadamente irrenunciável.

Não há escolha e isso é o que dói mais!

Diego de Andrade
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