Dobrando a esquina

Estou no “sprint” final, o fôlego já não é suficiente, as forças estão no limite, as pernas cambaleantes insistem em caminhar, porém, parecem não aguentar o peso do corpo. O coração acelera os batimentos, como tentando manter o ritmo acelerado do início, o pulmão exige mais oxigênio para manter o vigor na reta final. Os olhos se perdem entre uma cena e outra, confundindo os caminhos com atalhos. 

Os braços enfraquecidos direcionam meu corpo à direção a seguir, como duas asas me equilibram, mantendo-me em pé, embora esses não aguentem mais o peso do corpo, insistem, entre um tropeço e outro, conduzir-me a linha de chegada. Estou chegando, posso ouvir as palavras de incentivo daqueles que torcem por minha chegada. Estou correndo contra o tempo e contra o corpo, que cansado, olha para trás e observa que a jornada foi longa e o caminho apertado. 

Agora percebo que corro, durante todo esse tempo, não apenas por mim, mas, por muitos que eu mesmo os incluí na corrida. Preciso correr para que eles também corram, chegar para que eles também cheguem, preciso ser vencedor para que eles também sejam, pois, a minha vitória, será a vitória deles. Ninguém corre sozinho a corrida da vida.

Nossa carreira é um combate diário e eu ainda não completei a minha, mas continuo correndo, não terminei o combate, mas continuo na luta com muita fé, resiliência, força e esperança e isso me dá a certeza de que tudo não será em vão, porque eu sei em quem tenho crido e estou bem certo que Ele é fiel e recompensará a todos os que lutam e correm com lealdade.

Por isso, os que estão a frente, aguarde os que estão atrás, incentive-os a prosseguir, a continuar correndo, apoie, encoraje, dê-lhes suporte, afinal, precisamos passar o bastão e os que pensam que estão ficando para trás, anime-se, reaja, não desista, não retroceda, estamos chegando, a questão agora é de poucos metros, alguns passos, pouco tempo diante da eternidade.

Por isso, é preciso repensar como está sendo nossa carreira, pois, de uma maneira ou de outra somos modelo para alguém. Será que estamos influenciando positiva ou negativamente?Somos padrão e referência para os outros? Ou nós mesmos já perdemos o referencial do que é certo ou errado? Se eu cair, me levanto, se alguém me magoar, preciso perdoar, se eu me acidentar na corrida, posso, com ajuda, me recuperar, assim é a vida.

Assim sendo, prossigamos para o alvo, vamos ultrapassar a linha de chegada esperançosos, de coração agradecido, se cambaleantes ou não, porém, ousados por termos corrido com dedicação e respeito e, acima de tudo, sentindo-nos vencedores, acreditando que ao dobrarmos a próxima esquina, receberemos a coroa da vida...

Zeca Moreira
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