Petrificação dos Sentimentos

Nada.
Vazio.
Frigidez das rochas sob a chuva gelada do inverno
Ou das surradas pela arrebentação outunal.
Eu, que idealizei tantos amores impecáveis
Vejo-me falhando e praticamente usando
Sem nenhum pudor ou arrependimento,
Mas não sinto isso como maturidade ou revanchismo:
Apenas não tenho mais conseguido sentir genuinamente...

Converso. Desinteresso.
Não sinto que minhas vontades foram atendidas,
Sequer minimamente e não posso fingir que está tudo bem.
Difícil dizer o "não", e quando o fiz, fui condenado
Por não atender o que a expectativa alheia demandava.
Talvez a paralisia das emoções me faça um monstro.
Ou, quem sabe? A vontade dos outros é que me veja assim...

Eu quero estar só, não porque não acredito mais em ninguém,
Mas porque me sinto bem e estou incompreendido.
Tentei quando o que mais importa são os resultados.
Ouvi mentiras e as expressei também: as minhas eram mais graves.
Beijei e fui beijado. Dormi com alguém, mas me sentia sozinho...
Não sou capaz de dar romantismo como seu conceito o pinta!

Eu sinto meu coração intocado por emoções fortes,
Por vontades de estar a qualquer custo com uma mulher.
O que eu fiz de mim para que chegasse a tal ponto?
O que preciso, senão de uma dose de álcool para confortar
O que mais ninguém consegue, já que apenas propagam
Chatices e arrependimentos?
Estou, sim, vazio, mas também fui decepcionado
E não estou disposto aos julgamentos de culpas onde sou réu
E a vida não se responsabiliza por sentimentos petrificados...