O Fantástico Monge Andarilho das Américas
O Contestado
O Monge José Maria,
Foi vigiar aos Quadros Santos!
Com fervor se comovia,
Encoberto com seu manto!
Com doze pares de França
Segue o Monge ao Contestado!
O povo reafirma a aliança,
E a guerra tem arruinado...
O Sá invadiu o Quadro Santo
Da cidade de Irani,
Mas na luta de mui pranto,
Deixou marcas nos brasis!
Pois há o Brasil de Farquhar,
Da Brazil Railway Company,
Da Southern Brazil a cortar
Madeira e a levar o pânico!
E há o Brasil do sitiante,
Da erva-mate e chimarrão,
Do camponês de semblante
Rude, mas de coração!
E se ergue a bela bandeira
Da Monarquia Celestial!
E verde e branca inteira
Com a cruz por seu sinal!
O Monge
Nascido o Monge em Sizzano
Reino do Piemonte, Itália,
Veio à América tal fulano
Paga- promessa que valha!
Teve por mulher u’a moura,
Presos por tropa francesa,
Foi viúvo, e uma freira loura
Seduziu e pela impieza
O apóstolo Paulo disse
Que devia peregrinar
Por quarenta anos, cumprisse
A rota ao mundo a rezar!
Deu o monge a cruz de Motupe
Que ainda romarias se dão!
Disseminou em toda trupe
O culto a Santo Antão!
Curava com chás de ervas,
Curou varíola com cruzes,
Quatorze que a tropa enerva,
E a última a de Hercílio Luz!
Batendo ao chão seu cajado,
Fez surgir u’a lauta fonte
Que saciou a cidade ao lado
Lagoa Vermelha e Horizonte!
O malvado Neco Rengo
E seus mais vis bandoleiros,
Degolaram-no o quengo,
Mas a cabeça, ligeiro
Lhe voltava ao corpo vivo,
Repetiram quatro vezes...
E o espanto o faz redivivo!
Fugiam dele até os ingleses!
Contam os americanos
Que teria morrido ali
Tecolote mexicano
Montanha de Hermit’s Peak!
Contando já com a idade
De Cento e oitenta e oito anos!
Mas isso é lenda, a verdade
E que esse monge cristiano
Subiu ao Morro do Taíó
E após jejum de dois dias,
Aos céus se ergueu sem cipó
Numa nave de magia!
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