Balão Vermelho.

 

            Sentado a um banco da pracinha, defronte à minha casa, fiquei a observar uma pequena criança — uma menina — perseguindo um grande balão vermelho: ela corria como se estivesse querendo pegá-lo. Ele subia e descia impulsionado por suave brisa, enquanto a bela menininha, entre risos e sorrisos, bracinhos estendidos, procurava alcança-lo.  A esperança em seus olhos e a energia em seus pés guiavam a bela criança. Mas o balão seguia seu caminho aleatório como a brisa que o carregava. De alguma forma, percebia-se que o balão era da menina.

            Naquele momento percebi que, também, nós — a humanidade toda — corremos atrás de um balão:  o balão de nossas próprias vidas.

Com as mesmas esperanças daquela menininha, agimos obstinados, tentando manter a vida em nossas mãos. Por vezes, até parece que ela se resume apenas em “um correr atrás”.  E  é bem assim. Seja lá o que for o importante é manter os olhos bem abertos, ter bons propósitos e selecionar e perseguir boas escolhas, pois chegará o dia em que começaremos a cansar da correria. A está altura,  já fizemos a nossa parte.

            Compreenderemos, então, que a vida nada mais é do que a própria movimentação, a emocionante esperança  que nos leva a correr atrás de um sonho ou de um balão vermelho.  Por fim, arquejantes e extenuados, já não estaremos perseguindo com tanto afinco o nosso balão e, perceberemos que, a rigor,  ele nem é nosso; foi-nos emprestado.

            Seu lugar é exatamente aquele para onde está voltando:  O Infinito.

 

                                                                                                  Porto Alegre, 14/04/21

                                                                                                  José Carlos de Oliveira