São Macário de Ghent, protetor contra as pandemias

São Macário de Ghent, protetor contra pandemias

 

O Quadro de Jacob Van Oost (1603-1671)

 

Uma casula cinza manchada de sangue,

Uma estola vermelha caindo em desalinho,

A alva túnica puída em tom ocre e exangue...

A cabeça de cabelos brancos qual o linho...

 

E curvada, sem barrete, sem solidéu,

Barba tosca por aparar, olhos cerrados

À mão direita o cálice em douro pastel

Com o óleo da unção aos desafortunados

 

A mão esquerda uma hóstia para comunhão

Dos enfermos... A moribunda à mostra o seio,

Se vê uma criança doente que estende a sua mão

           

Em busca do leite que não virá...E ao alheio

A morte se espalha em corpos sem salvação

E a um o odor ofende, puxa a criança com receio...

 

 

O quadro de Gaspar de Crayer (1584-1669)

 

 

A Mitra vermelha de dourado adornada,

A dalmática, um manto rubro ricamente

De ouro decorado com imagens sagradas,

A estola carmim sobre a casula cingente...

 

As mãos quase indecisas abrem-se aos céus,

Buscam abençoar os desistidos enfermos...

Olhos erguidos pedindo bênção aos incréus...

Por trás um diácono oculto ergue meio a ermo

 

Um estandarte negro com símbolos mágicos...

Um frade dá esmola a um pobre doente faminto;

A mulher moribunda e a criança ao modo afágico...

 

Corpos mortos aprofundam o labirinto

Em perspectiva num ponto de fuga trágico!

E a morte a toda parte, saída ao seu recinto!

 

Consideração Comparativa

 

De um lado pede o pobre padre peregrino...

E doutro lado o bispo bendito da Igreja,

Oscila a verdade como notas dum hino

Entre a piedade e a santidade que se almeja!