Um Chá-Chá-Chá Para Chachá

Um Chá-Chá-Chá Para Chachá

 
Um Chá-Chá-Chá Para Chachá
 
“Jijibu, vou deixar por enquanto desse negócio,
Vou ser escrivão na Fortaleza de Ajudá,
Comalagã, lá pelos menos tenho algum ócio,
E a comida é boa a que lá se dá”....
 
Passou tempo, e saiu de Popó
Foi pra Daomé, servir Adanuzam, Dadá!
E logo traficava escravos sem sinal de dó,
E eram tantos quantos não se dá pra contar!
 
Roubava búzio das oferendas
Pra comprar escravos até em Djogó...
Mas com Adanuzam teve contenda,
E foi parar num xilindró!
 
Adanuzam mandou jogar Chico Félix
Num tonel de índigo escuro,
Adanuzam azular de Chico a pele quis...
Era o castigo e pôs a secá-lo num monturo!
 
Com ajuda do irmão de Adanuzam, Guapê, se safou...
Fugiu azulão pra Popó de Comalagã e Jijibu,
E começou a fazer vodu para Adanuzam sofrer!
Guapé tirou Adanuzam, virou Dadá e se chamou Guezô!
 
Logo Chico Félix enricou, virou Chachá
O vice-rei do Daomé!
E logo traficava escravos, quantos não se dá pra contar!
E eram mandados pro Brasil, e pra Bahia inté...
 
Foi na Bahia que nasceu Chachá,
Escravo alforriado ainda moço,
Quando chegou no Benim, em Ajudá,
Não tinha um vintém, um búzio, um osso!