HOLOCAUSTO BRASILEIRO
O extermínio consciente da população
Numa pandemia que se fez prenunciar
Pleno potencial de uma banal extinção
Num governo que insiste em contrariar
Por que tanto ressentimento e repulsão
Pelo povo que age com estranha apatia?
Seria um vício minguado da imaginação
Ou um sintoma particular de psicopatia?
Vidas apagadas como um sopro de vela
Dor, angústia e aflição assistidas na tela
Heróis de branco combatendo no escuro
Na incerteza cruel dum trabalho inseguro
Oh! nobre esculápio, ajuda quem é refém
Do mal invisível... e do seu aliado também
Marco Antônio Abreu Florentino
Soneto que chama a atenção para o descalabro sanitário que vive o país, numa situação crítica de desorganização, escassez de vagas, pessoal e insumos médicos para fazer frente à pandemia.
Inexistência, por omissão e negação consciente, de uma liderança nacional que coordene as ações de enfrentamento e prevenção à doença e, principalmente, a situação de aflição e desespero vividas pelos doentes e familiares, testemunhada por mim nos diversos hospitais que tenho frequentado.
Enfatizo, em particular, um grande hospital da rede privada de Fortaleza, onde presenciei um autêntico inferno na emergência, com familiares gritando e chorando de um lado, alguns vociferando e protestando do outro. Profissionais da saúde num frenesi inimaginável tentando socorrer e atender a todos e, infelizmente, doentes morrendo sem a oportunidade de qualquer assistência.
Enalteço, mais uma vez, o grandioso espírito de solidariedade, empatia e doação ao próximo pelas equipes de saúde dos hospitais, desde o maqueiro e recepcionista até a enfermagem e o médico da linha de frente, colocando, sem vacilar, suas vidas em iminente risco.
Parabéns guerreiros e heróis anônimos. Tenho orgulho de pertencer à essa classe. A humanidade vai ser-lhes eternamente grata.
https://youtu.be/0iLKG9cUo8o
(Breathe - Pink Floyd)
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