Poesia à Escuridão

Vou cantarolando estranhas elegias por todo o meu caminho,

Esperando e esperando o escorrer do sangue ao apertar o espinho

Que, quando pensei ser flor, e aspirei seu aroma,

Feri-me e da matemática da loucura, perdi a subtração, ganhei a soma...

 

Eu estou honrado em me isolar nas trevas, envolto na concha

De solidão que construí para meu ego, após notar a existência roncha.

E quanto mais bebi do escuro, em uma brônzea taça,

Mais me senti alheio ao universo e me banhei na desgraça...

 

Vou correndo alucinado em busca de muito mais... Ceifando pirilampos...

Quero a morte das estrelas, um cemitério indigno... Sombras em campos

Até onde não couberem na perfeição do sempre e do jamais...!

 

É para a escuridão, musa amada à veneração que componho esta poesia!

Quero dormir em teu colo e esquecer, leteanamente, o raiar do dia...

Desejo-te, ó, sombra! Fecho meus olhos em tua busca... Mas quero mais!