CREPÚSCULO ETERNO

 

 
 
 
 
 
CREPÚSCULO ETERNO
 
(Francisco de Assis Silva)
 
Quando estivermos os dois já bem velhinhos
Bem decadentes, capengas, vencidos,
Se apoiando um no outro, nos caminhos,
Depois de tantos sonhos definidos...
 
Quando formos assim, já bem velhinhos
A recordar tempos distantes e vividos,
Sem podermos colher nem mesmo espinhos
Nos gestos despojados e sem sentidos...
 
E quando estivermos trôpegos, bem velhinhos,
Bem longe, onde findam-se os caminhos
E no lugar em que a saudade, as folhas juncas,
 
Mire, meu amor, meus olhos bem no fundo,
E contemple que este amor em que me inundo
É um crepúsculo que não se acaba nunca!
 

S. Paulo

FRANCISCO DE ASSIS SILVA
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