Ansiedade daquilo que sou.

Alegria presente sempre onde não estou.

E, sem rumo, nem sei para onde vou...

 

Quando tudo o que resta é morder os dedos

Quase a chupá-los entre a carne e o sangue,

É o momento de desilusão plena em que já não sabemos

Como lidar com a humanidade e com sentimentos

E um caos emergente se apossa do nosso espírito...

 

Há simplicidade, mas como nos habituamos ao complexo,

Este conceito começa a fazer-se estranho...

Talvez, sempre tenha sido um conflito de interesses, em verdade,

Mas a realidade da coisa é que nos afastamos uns dos outros

Por conta de traumas e medos do que a história nos reservou

E assim, estamos sempre distantes, presos em bolhas.

 

Eu que genuinamente busquei companhia sinto-me traído.

Roo unhas até a pele se desgastar, ansioso...

Sem entender presto o porquê de tanto isolamento,

Do descompromisso com tudo e todos e a necessidade de se redescobrir

Justamente na solidão ou na pretensa ideia de que somos autossuficientes...

 

(Não somos e nem nunca seremos, só para constar).

 

Cada unha roída representa uma angústia, falha íntima,

Desesperança, frustração, dor e ódio...

Quisera eu que todas as que roí fossem por amor e esperança,

Mas não e nem ninguém o faz por isto...

Resta viver (ou sobreviver) a tudo,

Reconhecendo que talvez não sejamos nós os loucos,

Mas o conceito maquinário de mundo que construímos

Sendo que não somos robôs.

 

Unhas roídas depois de tantos dias. Histórias em cicatrizes e deformidades...

(Eis o que o solitário possui).