O pescador, a canoa e o mar

 

 

 

Confiante

entrega-se aos braços vigorosos

do pescador

e desliza serena

sobre as serpenteantes águas

do Itanhaém 

 

Curiosa

a canoa

tenta reconhecer os ruídos e cheiros

do misterioso manguezal

que a espiona

e verdeja 

a exuberante Amazônia Paulista

 

É tudo tão novo...

 

Exalando tinta fresca

a jovem embarcação 

recém saída de um estaleiro

vê seu olhar se perder

em meio à colorida flora

e à rumorosa fauna

que alardeia sua passagem.

 

Carregada de sonhos

navega garbosa a barca

para o desconhecido.

 

Mesa farta 

para sua família 

anseia o lobo do mar

 

Desvendar os mistérios 

das revoltas ondas azuis

deseja a canoa

 

É chegada a hora...

 

O pescador ouve o bramido

da imensidão de águas

que o provoca

e o chama para a batalha 

 

Os remos do Valente marujo

lutam bravamente

contra os turbilhões 

que se formam no encontro

da doçura do rio

com as vagas de Netuno

 

Vento Noroeste

traz recado de tempestade

que se aproxima

 

O pescador teme

a barca treme

quase vira

 

Ambos se rendem à natureza

Recuam

 

O Rio

acolhe as lágrimas 

da canoa

acaricia seu casco 

e murmura:

" O mar não está para peixe"

Amanhã 

Quem sabe...

 

 

Maria Isabel Sartorio Santos
© Todos os direitos reservados