Confiante
entrega-se aos braços vigorosos
do pescador
e desliza serena
sobre as serpenteantes águas
do Itanhaém
Curiosa
a canoa
tenta reconhecer os ruídos e cheiros
do misterioso manguezal
que a espiona
e verdeja
a exuberante Amazônia Paulista
É tudo tão novo...
Exalando tinta fresca
a jovem embarcação
recém saída de um estaleiro
vê seu olhar se perder
em meio à colorida flora
e à rumorosa fauna
que alardeia sua passagem.
Carregada de sonhos
navega garbosa a barca
para o desconhecido.
Mesa farta
para sua família
anseia o lobo do mar
Desvendar os mistérios
das revoltas ondas azuis
deseja a canoa
É chegada a hora...
O pescador ouve o bramido
da imensidão de águas
que o provoca
e o chama para a batalha
Os remos do Valente marujo
lutam bravamente
contra os turbilhões
que se formam no encontro
da doçura do rio
com as vagas de Netuno
Vento Noroeste
traz recado de tempestade
que se aproxima
O pescador teme
a barca treme
quase vira
Ambos se rendem à natureza
Recuam
O Rio
acolhe as lágrimas
da canoa
acaricia seu casco
e murmura:
" O mar não está para peixe"
Amanhã
Quem sabe...
© Todos os direitos reservados