A morte em cinco sentidos

Disfarçada no toque das vestes macias,

a morte nos revela uma textura.

Na pele fria, áspera e dura,

Tato, que a todos os sentidos arrepia!

 

A morte traz ao olfato, crisântemo e cravo,

aborrecimentos pairando no ar,

Ares tristes, no profundo expirar.

Memórias que rescendem de um retrato.

 

Cor branca e preta tem a morte malévola!

Na dor, volta-se os olhos ao canto e à borda.

O que se enxerga treme e transborda,

Na visão baça e úmida, de sua névoa.

 

A morte tem, no silêncio, um desvio!

Dos sentidos, o som é o de maior expressão.

Tanto na dor, quanto no consolo e oração,

audição pra amenizar seu vazio!

 

A morte, em seu mal gosto, no coração,

Tem um paladar de cebola crua.

Se engole em seco, como farinha pura.

No tino, pesa a sua amargura-limão.

 

Guilherme dos Anjos Nascimento

 

Guilherme dos Anjos Nascimento
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