O GOSTO DO DESGOSTO

Centelhas acesas relusentes, abrasam

Talvez a vida, talvez a falta dela

Sentir-se queimar no modo literal!

As emoções e reações de sentimentos, alastram

Um dia pensou-se eternidade

Onde o 'jamais' era coerente

Onde não haviam correntes

E tudo era tão perfeito.

Tudo o que?

Contentamento descontente 

Palavras ao vento, amáveis raramente

Abraços vazios obrigados

Sorrisos forçados por ninguém

Era só desdém

O cansaço da rotina 

E a fadiga que sempre vem

Mas a esperança pairava 

Num coração que se enganava

As dores físicas doíam menos 

Que o desprezo tocante à alma

E então aquela utopia 

De uma vida colorida e vazia

Na verdade cinza, 

Como as cinzas restantes da quarta-feira

Onde tudo é só tristeza, exaustão

As marcas ferem o coração

Nem adianta fazer oração

Tudo isso é uma grande besteira.

Agora degusta fria e lentamente

Com culpas e remorso

O gosto do desgosto

Amargo neste pobre paladar.

Refletindo sobre o que era e já não é mais!
Karine Adriene
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