Aos desiludidos.

 

A melhor parte do mundo sempre nos é negada,

Porque somos deveras indesejáveis,

Em um ritmo alucinante de desvarios

Que demonstram que ninguém é de ninguém

E, consoante a isso, não se importam

Se o olhar individual é torto ou reto...

 

Nem sempre a responsabilidade recai em nós,

Porque culpa é relativa.

Erros, todos cometemos, mas a necessidade de apontá-los,

Buscar quem fez e porquê, é mero joguete humano:

Sê perfeito sem o ser, monstro hipócrita!

 

Oferecem-nos amor, sem realmente tê-lo

E depois de muito arruaçarem no playground das emoções,

Simplesmente vão embora com um: Não deu certo,

Ou: não serve para mim...

Há romantismo na maturidade de aceitar que assim é a vida,

Mas idealismos a parte, é uma merda passar por isso.

 

Enganar e iludir é o que as pessoas apreciam fazer

Neste protótipo parco de sociedade.

São negócios maquinais e o fingimento de empatia

É tão convincente quanto valioso...

Poucos são os que têm honra e lealdade

E estes atributos estão supervalorizados no mau sentido.

 

Ser humano é utilizar máscaras cada vez mais asquerosas

E são mínimos os que agem menos desta forma.

Ninguém ouve o que sentimos, espremer angústias se tornou profissão.

Onde fazer um curso para haver humanidade?

Como não titubear ou morrer diante de um inferno assim?