E ontem eu era o que era,
Que morava em uma tapera
De pau -a-pique, chão batido,
Tinha coragem, era destemido...
E hoje, sou o que sou,
O tempo me desgastou
Com sua ferrugem roedeira,
Me consome a vida inteira...
E amanhã não sei se sei,
Que destino tal tomarei,
Se serei o que sou, porém,
Porque a velhice acompanha-me...
Só sei que, de ontem,
Até me chegar o hoje,
Ainda sou o que eu era,
Amanhã posso vender a tapera,
Ir-me morar na rua ou num palácio de rei...
Josea de Paula
© Todos os direitos reservados
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