"Quando em meu peito rebentar-se a fibra..."

 

Álvares de Azevedo - Lembrança de Morrer.

 

Câncer o qual s'espalha em extremo silêncio

Enganando-nos na nossa perpétua angústia e amargura.

Viver mata! Quem não sabia esta máxima sem cura,

É bom que saiba que o oblívio - ninguém vence-o!

 

Procure as melhores formas de luxo e vida,

Tudo aquilo que o dinheiro e o capricho podem comprar

E verás que de nada adianta: a existência visa nos matar

Em ritos sacrílegos de lenta tortura homicida!

 

Pegos nas teias emaranhadas de tremendas mentiras,

Vão explorando nosso tempo, instigando doenças,

Levando-nos ao leito de hospital (com sorte), fomentando crenças

Torpes e conduzindo vícios para apaziguar nossas frustrações e iras.

 

O mundo é um pântano infértil. Para muitos é um mero brejo

Onde borbulejam agonias... Há sofrimento e poucas vitórias;

Ainda menos se destacam e são exaltados em histórias

E por fim, morremos em branco... Tal roteiro eu não invejo!

 

Como apreciar a vida se em absolutamente nada ela se equilibra?

Viver mata! E mata com alfinetadas rítmicas...

Respirar é falho. Amar é química... Não há crônicas míticas

Quando em nosso peito rebentar-se a fibra...