Lembro dos sapotiseiros,
E dá casa de farinha
Finha vem trazendo a lenha
Lú tangendo as galinhas
Descascando a mandioca
Pra preparar o beiju
E a refinada farinha
Tava lá, Pipi, Mané, Zé Maro,
Dédu, Vovô e Joaninha
Lula e eu só brincávamos
Da cancela até a velha capela
Onde um padre pecador
Linda missa, nela rezou
Laranjeiras, bananeiras
Lindas e belas jaqueiras
Cabra, boi, sagui, pardal
Chuva alagando o terreiro
Fazia um lago no quintal
Que sapos e rãs cantavam
Num divino madrigal
Ia pra casa da amiga Bia
Pra brinca com seus irmãos
Jogar bola, esconde, esconde
Mãos meladas, pés no chão 
Meu tio também chamado Bia:
Não esqueço o que fazia:
Botava a língua no nariz
E comia formigão;
Louco, contente e feliz
Aceiro, cercado, arado
Biu Dóia com seu trator
Cuidando sempre da terra
Como quem cuidara do amor
Fonte na mata, o açude
A antiga Casa Grande...
Que o tempo conservou
Havia ao lado um jardim,
Com tudo que era de flor.
Dizem que nada lá mais existe
Que tudo por lá se acabou
Pode ser: mas dentro de mim,
A alegre Campo Alegre:
Sem tempo se eternizou.
 
Léo Nazare

22/10/2019

Léo Nazare
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