NOBRE CAVALEIRO, PEÃO

De onde vim nada a esperar

O reencontrar dos tempos e sentimentos

E do passado se fez presente

Como um nobre cavaleiro de armadura

 

Ao te ter ao meu alcance, mesmo que estivesses tão distante

Descobri-te em mim guardado

Sem saber de quando vieste 

A assombrar minha vida quase certa

De um desatino um rompante

Entrego-te o corpo, meu nobre peão

 

O coração ? esse se perdeu...

No tempo sem tempo de viver

No espaço da ausência

Na ausência da presença

No sonho de lembrança

 

És o meu cavaleiro perfeito

Que do desencanto me resgataste

E do momento em que fui tua dama, mulher e amante

Trago as doces lembranças de nosso devaneio de pecado

O teu sabor na minha boca, o teu toque na minha pele

E a doçura dos teus lábios de encontro aos meus...

Do tempo em que poderia ser mas não foi

 

Ah, meu nobre cavalheiro, meu peão

Foste o desvio real de uma vida quase irreal 

 

Tornei-me errante em pecados de corpo e mente

Letra escarlate daqueles que não mais se pertencem

E que outra vida, por destino tiveram

Será o peso que de bom grado carregarei para sempre

Lembrando-me do homem que foi meu mesmo que por momentos

Escondido para sempre dentro de uma armadura

Guardado em uma vida que não é minha

BELO HORIZONTE

Sofia Couto
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