Diante de ti, que sou senão um mero acólito?
Tremo, como tantos, prostrado perante a magnitude
De um ser que transpira uma sensação imponente de virtude
Ao mesmo tempo que me engasga com um terror insólito...
Teu olhar engole o meu e o de qualquer um, pois reflete
As reticências de relatividades, de eternos poréns...
Como pousar os olhos em ti com ares de desdéns,
Se em tua figura percebo a eternidade e ela a ti me remete?
Tua saliva a gotejar em mim é estranha ambrosia.
Sendo torrado pelo teu bafo insano, masoquista, me regozijo.
Que sou? Um bufão dos teus caprichos e nunca me corrijo?
Aquele que tenta evitá-lo, mas que não acata à noite fria?
Quem és tu que vem com a presença secreta de um soberano?
Por que tenho medo de ti se deverias me inspirar fascínio?
És uma arma de genocídio, general de histórico extermínio,
Mas busco-te ansioso para sorver de teu beijo insano...
O abraço com garras de tuas escamas vermelhas é tão cálido...
Penetra-me como se eu fosse brecha para a toca de um réptil.
Perfura-me como um rápido e letal projétil
E ajoelho-me, servil e ensanguentado e pálido...
Pensas que estou aflito, afinal? Triste e desolado e com dor?
Oh! Tu és, sim, infinito, supremo, inabalável, dragão de fogo!
Dir-se-ia que, enfim, tem ares de vil demagogo,
Mas monstruoso não és: chama eternal do que chamamos de amor...
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