Ainda me lembro quando compraste a minha sacola
Me lembro de quando me conduzias pra escola
Sentei na carteira para poder me formar
Para Matemática, física, medicina e Direito dominar.
Mas quando os meus olhos visitam o teu rosto
Nasce essa indagação no meu peito
Hoje doutor o que tenho de novo para te ensinar?
O que aprendi na Universidade que possa tua vida mudar?
Vou te falar sobre as minhas aulas de Gestão?
Citar Chiavenato e suas teorias de administração?
Se com muito pouco conseguiste 6 filhos criar
Nunca permitiste que a fome em sua casa tivesse lugar
Mãe como poderia lhe falar de Hans Kelsen e o positivo Direito?
Se tão naturalista é o teu peito
Não precisaste ler Oliveira Ascensão e dominar a legislação
Para na causa da vida seres essa advogada que nunca me deixou na mão.
Não te vou falar de teorias de relações internacionais
Porque soubeste num ambiente de paz teus filhos educar
Não te vou falar de agronomia para garantir colheitas excepcionais
Pois da terra sempre colheste frutos para teus filhos alimentar
Não te vou falar de Aristóteles e as técnicas de meteorologia
Porque só de saudar o ar você já sabia
Se seria um dia normal
Ou se vinha um temporal
Não te vou falar da Filosofia e o Tales de Mileto
Se tu tens a resposta dos porquês nos provérbios que dizes em seu dialeto.
Do que adianta falar de Hipócrates e tudo que sei da anatomia?
Se quando doente você tinha no seu frasco o fármaco certo e me assistia
Não te vou chamar analfabeta por teu nome não saber assinar
Porque cá entre nós Doutora és tu minha mãe.
Autor: Salvador Muchidão
Os mais simplistas em detalhes tem um dom em retratar a essência dos sentimentos que nos tocam a alma.Mozambique, Maputo
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