...e se eu tivesse uma mão gigante

que pudesse te alcançar no mais alto dos céus

onde tua alma teima em se esconder

...busco a lição do teu desprezo

para não mais te olhar como uma rainha

e deixar de ser teu namorado

para ser teu amigo... apenas

...onde meu sonho te achasse

brincando de odiar meu corpo

que amas sordidamente no escuro

...e se teu desprezo morresse

na ponta da minha língua

com um frenesi de paixão

longamente conquistado

numa memorável luta de corpos

...por que minha alma nada vale

na concepçâo dos teus olhos verdes

que nunca miraram os meus

por mais de um minuto e meio?

...por que não reages quando

te chamo de puta... e por que

não me abandonas, fingindo

que estás ofendida e, na verdade,

és muito pura, a mais pura das pequenas?

...tu, mulher, poderias ser menos voraz

e me dar um beijo no rosto, e dizer que

me amas muito, e brincar com meus cabelos,

e pedir que te ame pra sempre, e deixar

rolar um clima de carinho e mansidão...

poderias pegar na minha mão para

passearmos na praça, ficar me olhando

nos olhos pelo menos por cinco minutos...

e esta cama que não é cúmplice

certamente nos odeia pela falta de amor

que sente em teus olhos verdes

...não te sentes desumana quando me dás

as costas e sabes que fiquei fumando

sem vontade e que não me deste

o mínimo para que eu fosse feliz?

não sacias tua fome com meu corpo;

tua sede com minha saliva; e teu

desprezo com minha tristeza?

...nunca esquecerei teus olhos verdes

me olhando com desprezo

nunca esquecerei teus olhos verdes

infiéis como a serpente

nunca esquecerei teus olhos verdes

olhando de lado

nunca esquecerei teus olhos verdes

molhados de mar

nunca esquecerei teus olhos verdes

hipnóticos

lindos olhos verdes que nunca esquecerei.

(11/08/1987)

 

Geovani Bohi Goulart
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