Flores


Passamos pelas ruas virtuais no dia a dia...

Sentimos o perfume...

Exalamos as fragrâncias...

As flores nos sorriem...

Nós colhemos amizades...

Ignorando espinhos...

Não notando realidades...


Um dia eu falei com uma flor ao telefone...

Rompi barreiras minhas...

Para unir as outras flores...

Mostrar a um dos cravos...

Gratidão e homenagens...

A voz da Inteligência,

Me zombou com seu sarcasmo...


Porém naquele dia ao telefone, aquela flor...

Atado a seu perfume,

Remeteu-me confissão...

Desconhecendo em mim

Talvez poder de percepção,

Involuntariamente

Expôs-me sua discrição...


Passaram-se os anos, e as flores ocupadas...

Às vezes, visitavam-me...

Por vezes, afastavam-se...

Algumas como ela

Sempre estavam por ali...

Alertas a sinais

De desespero ou solidão...


Será que aquela flor também notara-me, os sinais...?

Será que constatara

Também chaga por detrás

Daquilo que em mim

Elogiava lautamente...?

Acaso compreendeu

Esse meu mal, devidamente...?


Imaginava eu, o seu oposto, ingenuamente...

A flor não compreendeu,

Embora assim, o acreditasse...

Julgou ser dona mor

De sua máxima verdade...

A minha dor profusa

E tão distinta, censurou...


Despedaçou-me algumas de minhas pétalas zeladas...

A flor aparentou

Ser presumida e não singela...

Talvez entendeu mal

Algumas setas que atirei...

Pegou-as para si,

Não sendo nela, que as mirei...


Por que será que essa carapuça ela vestiu...?

Ou que terá pensado

Pra julgar-se não querida?

Se tantas orações

Por essa flor a Deus alcei...?

De fato, sinto muito, flor...


Mas me decepcionei...

 

 

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Artur Nogueira, SP - 10/12/2018