De que adianta chorar diante do sepulcro
Onde meu corpo dorme o derradeiro sono?
Aqui só há eu, os vermes é que são os donos
Da carnificina que alimenta tietes tão impuros!
 
Antes de aconchegar-me a este catre tão vazio,
Debulhei cada centímetro dessa vida ortodoxa,
Debochei do nada, do tudo, comi dessa paçoca
Para engordar a verve que sutura o calor do frio!
 
Lágrimas hipócritas e gélidas derramadas em mim
São parafernálias que homenageiam um triste fim
Ainda tão precoce e bastante inundado de sonhos...
 
Tarde demais! O viço das bactérias me consome
Os últimos resquícios do ente que foi um homem
Malogrado pelo transporte dum arrebol tristonho!
 
 
 

 
DE  Ivan de Oliveira Melo

Ivan de Oliveira Melo
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