Outrora escrevera de forma mais ordenada
Consciente e normalizada
Hoje não
Esses versos sairão sem lógica alguma
Eu não estudei para escrever essa indagação
Se é que assim pode ser chamada
Esses versos sairão desorientados
Como a alma de um homem que certa vez eu vi
Lógica, raciocínio e brilho, despedaçados
Quem seria eu a julgar aquele homem
Diante de certas circunstancias as almas somem
Quem seria eu para analisar os torturados
Eu vi sua alma deixa-lo
Partir sem despedida
Despedaça-lo
Um homem à beira das sombras
Vi também o abismo diante dos seus pés
Inerte e continuo, sem dobras
E o que fazer do coração quando a alma já abraçou a execução
Quando sem ser julgado
A pena é ditada ao sentenciado
O que dizer ao homem quando o olhar vazio
Preenche todo o espaço
É toda malha composta por um fio
Como tentar acalentar o corpo recipiente
Que não há mais âmago algum
“Não importa, nem tente”
O homem de conteúdo ausente
Permanece na tentativa
Ao menos de corpo presente
A alma pode ter se esvaído
Mas o homem sem alma não tende a derrota
Mesmo após a perda ele seguira, mesmo caído
Israel Souza
23/10/2018
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