Indecifrável mulher
Venho do sair mundano,
Chego do que procurei e não achei,
Cama arrumada e vazia,
Um travesseiro velho marca minha forma de deitar,
Disfarçando numa fronha de cetim nova,
Na penteadeira a maquiagem do momento sob a pele e lábios tomados pelo tempo...
Um espelho em quatro paredes como cúmplice e repórter da menina, que virou mocinha,da moça sonhadora, que virou mãe e mulher,a vida não tem manual de instrução,nem toda bula diz a dose certa..
O mergulho profundo...buscando a aurora reluzente de seus dias de meninice...um tempo mágico e cheio de frescor...
Fechando seus olhos procurava reter o encantamento diante da vida...
Por frações de segundo ouviu seu próprio riso ecoando no tempo...
A escultura perfeita e esguia...dobrava-se no alpendre da varanda...despreocupada, feliz...a espera da chuva...
Seu tempo passa o brilho se camufla no dia a dia entre o ser e o estar,mais o sorriso ah esse sorriso somente o amigo espelho revela
Suas pálpebras abrem-se devagar...o seu sorriso havia iluminado sua face...embora, uma nuvem triste pairavam em seu olhar...o tempo não apaga tudo...
Atentamente analisava seu semblante..suas formas ainda eram belas...talvez ainda mais belas...Mas o cansaço vinha de dentro...as feridas que o tempo fechou... ainda eram dolorosas cicatrizes.
Sentindo o gelo da solidão...Abraçando seu próprio corpo...adormece em busca da alegria...Nos sonhos, livre do quarto vazio....
Dueto
Poeta Paulinho Soares
Poetisa Lia Longo
© Todos os direitos reservados