Lágrimas de Alegria

Lágrimas de Alegria








O sangue tropical desvenda os vasos do corpo


e o calor das células físicas enfrenta o frio do vento.


Lufada noturna toca as encostas do perfil humano.


O dia tombou de cansaço frente a agitação das horas.


 

O céu toma ares viris, e desnuda o pudor das estrelas.

E estas, como que feminis, confessam segredos.

São mistérios sobre algo que está por surgir,

são letras sutis, vida nova sobre o velho cotidiano.

 

Um rosto silencioso tudo observa, a tez está sensualizada.

Um sorriso de menino brinca na face masculina amadurecida.

Divide o coração alguém que quer filosofar,

enquanto outro insiste em construir poesias.

 

Estranha dualidade que lhe faz sentir com as asas quebradas.

Quais asas, se é o chão que o tem? Porém, crê poder voar.

A realidade desmente a ilusão, sente o duro chão do solo,

mas tem a impressão de conhecer o ar rarefeito do céu.

 

Não tem asas, mas tem imaginação para divagar,

e por divagar,vai longe, mergulha em abstrações,

vê algumas lágrimas de alegria a visitar o infinito,

vê que seu coração comunga com o horizonte, e está feliz.

 

 

Gilberto Brandão Marcon
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