Confissões do Profundo de um Apaixonado


Confesso que escrever sobre isso não me é prazeroso, porque queria viver, ao invés de discorrer a respeito de algo ainda não ocorrido;
Confesso que me doi ter de me entregar a algo, pelo qual tanto tempo lutei contra
Será que foi em vão resistir?
Contemplar vossa beleza me oprime, pois tenho de lutar contra mim mesmo, contra meu próprio desejo de me entregar a tamanha perfeição.
Ah, bendita maldita capacidade humana de reconhecer o belo e de o admirar.
Admiração, com certeza, é algo que sinto ao te ver.
Cada detalhe do cabelo, cada parte de sua face, cada divisão do seu olhar
Como não ficar atônito, espantado, e não expressar tamanho encanto em forma de palavras?
Como não sonhar acordado, cada vez que seu nome vem à mente?
Nos momentos de alegria do meu viver, tenhas certeza que deles você faz parte
Ah, como gostaria de explanar isso tudo, de jogar para fora a fascinação que você me causa
Libertar meu coração de tamanho sentimento, resultado de lutas acumuladas entre negação e deslumbre
Mas, por que arriscar?
Preciso me render ao meu fascínio? Ao meu deslumbre?
Tirar meu sentimento do anonimato é melhor que prosseguir no embate entre a prudência e a paixão?
Se doi escancarar meus sentimentos por ti, machuca-me também velá-lo a cada encontro nosso, a cada troca de olhares.
Como é possível que em tal acontecimento haja um vencedor?
Confesso que imaginar seu abraço, o toque dos seus lábios, o aroma de seu perfume
Me faz entrar em êxtase solitariamente
Desejar que tais pensamentos se convertam em fatos reais o quanto antes
Porém, devo mesmo me arriscar a isso tudo confessar?
Sou um prisioneiro do amor
Trancado por mim mesmo
Possuindo a chave do cadeado
Relutando em abri-lo
Com receio do que me aguarda lá fora
O amor, a paixão, são incógnitas
Cujas respostas ainda não sei
E que sequer sei se vale a pena saber
Um dia, quem sabe, eu resolva me libertar
Dar vasão ao sentimento que mim lateja
Enquanto isso não ocorre
Seguirei encarceirado
Degladiando com minhas contradições
Prosseguindo na admiração, na contemplação
De quem, mesmo sem perceber
Me ajuda a perceber quão maravilhosa é a vida
E de quão certa é a eternidade.
Confesso que isso tudo me faz rir
E ao mesmo tempo me faz ficar enfurecido
Feliz, porque a cada sorriso seu, a cada olhar teu, minhas reflexões acerca do belo e do eterno se intensificam;
E enfurecido, porque nada que se refere a você, pode ser chamado também de meu.