Sabes o que é a escara? Uma úlcera, ferida que necrosa.

Quando há o marasmo demorado, inércia plena

A qual parece tão inofensiva, mas que envenena,

Ela surge no corpo, tal qual predadora silenciosa...

 

E quanto ao amor, tu sabes de que se trata?

Amor é cuidar, admirar, estar presente, falar na hora certa,

Beijar, ser amante, proteger, ter a mente aberta...

Engano-me? Talvez, já que a concepção é abstrata...

 

O amor que se paralisa, não evolui, está destinado à morte.

Como um corpo que, por deitado há tempos contrai a escara,

O sentimento vai deteriorando quando não cuidado...

 

Cresce a ferida, apodrece o espírito, a distância tão forte!

Uma emoção em pústula que ao desespero se escancara

E acaba roída pela indiferença de um incerto fado.