Sinto, pressinto, adivinho...

Imagino um cenário de medo e anarquia

E quase certo, parece que a intuição sombria

Concretiza-se e forma o temível caminho

 

O qual hemos de percorrer sem qualquer escolha!

Sofro calado, sofro todo o tempo, pois penso:

Penso em um futuro negro, onde estou pelo pescoço suspenso.

Na forca das obrigações com o mundo, preso em uma bolha...

 

Eu vou analisando as cenas com leitura dinâmica!

Não é uma peça teatral, contudo: É o real!

E vejo o apodrecimento dos contos de fada diante do mal

Dos homens, os quais derrubam um mundo frágil como cerâmica.

 

Sou o homem angústia!

Aquele que se entristece por ter tanto realismo,

Mas que não sente medo de reconhecer e afrontar o cataclismo

Juntamente aos "bandidos" que veem como eu: torpe súcia.

 

Parece que vou me consumindo em pressentimentos.

Parece que ao sentir o cheiro da queda, fundo respiro.

Degusto o sabor negativo até o último suspiro

Sem guardar ou espalhar quaisquer ressentimentos...

 

Como posso alegrar-me diante de tantas más notícias?!

O trabalhador sendo explorado; o mundo em guerra;

A doença incurável; o fim de toda a terra!

E não confiamos no bem, apenas aproveitamos malícias!

 

Se ponho-me cansado em casa e me recolho,

Quando saio, estou vítima da falta de respeito e a violência:

Desde a pistola apontada à cabeça até palavras de insolência!

E a angústia despeja-se em mim como um grosso molho...

 

Nem sei como superar aquilo que em anos-luz, prevejo.

Sou eu ou a humanidade que está afundando?

Vou-me consumindo... O Homem Angústia nela s'afogando

E sendo roído nervosamente pelo ópio de tanto desejo...